À medida que o aumento da temperatura do planeta se aproxima dos 1,5°C, as consequências do aquecimento global se mostram cada vez mais presentes em nossas vidas. Os eventos climáticos extremos – como as ondas de calor, por exemplo -, não apenas colocam em risco a saúde e a segurança das populações, mas também afetam diretamente a produção de alimentos, elevando seus preços e gerando escassez. 

Recentes reportagens ilustram bem esse cenário. No setor avícola, por exemplo, o aumento das temperaturas tem reduzido a produtividade das galinhas, ocasionando uma queda na produção de ovos. Essa redução, aliada ao aumento do custo de insumos como o milho, faz com que os preços dos ovos atinjam níveis recordes. Segundo informações do UOL Economia, a onda de calor tem contribuído para uma retração na produção, o que pode levar os preços a novos patamares elevados. 

O café, um dos produtos mais consumidos no mundo, também sofre os efeitos do aquecimento global. Dados do Estadão apontam que os preços do café estão no maior nível em 50 anos, resultado de condições climáticas adversas que prejudicam o cultivo e afetam a qualidade e a oferta do grão. Essa realidade se reflete no aumento dos custos para os consumidores e na volatilidade do mercado global. 

Outro exemplo emblemático é o do cacau, matéria-prima essencial para a produção de chocolate. Uma reportagem do GaúchaZH destaca que as mudanças climáticas têm afetado negativamente as plantações, podendo encarecer o produto final em até 136% entre 2022 e 2024. O calor excessivo e as alterações nos padrões de chuva comprometem a produtividade, o que, em última análise, repercute no preço do chocolate. 

Esses exemplos evidenciam que o aquecimento global não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica e social. A elevação das temperaturas e a intensificação dos eventos climáticos extremos provocam uma cascata de efeitos que afetam a produção de alimentos e aumentam o custo de vida. Essa realidade desafia tanto os setores produtivos quanto os consumidores, que precisam se adaptar a um cenário de incertezas e preços elevados. 

Ao mesmo tempo, essas mudanças ressaltam a urgência de adotar práticas mais sustentáveis e incentivar inovações tecnológicas que possam mitigar os impactos das mudanças climáticas. Investir em fontes de energia renovável, desenvolver técnicas agrícolas resilientes e apoiar iniciativas de reflorestamento são medidas essenciais para enfrentar esse desafio global. 

Em suma, as mudanças climáticas estão transformando a maneira como vivemos e consumimos. A elevação dos preços dos alimentos, decorrente de um cenário climático cada vez mais severo, é um alerta para a necessidade de ações urgentes. Precisamos repensar nossos hábitos, apoiar a inovação sustentável e adotar medidas que garantam a segurança alimentar e a qualidade de vida da população mundial. 

Giuliano Capeletti

Fundador e CEO da Mercado Net Zero.